quinta-feira, 1 de maio de 2025

CARIMBO FISCAL DA FABRICA YPU S.A - MEMÓRIA ATRAVÉS DO SELO

Nesta oportunidade, em atenção aos filatelistas, principalmente aos que colecionam o tema fiscal, e também ao que a história nos proporciona em lembrança, onde através dos carimbos e marcas nos selos nos possibilitam a reviver um tempo, e dando continuidade , pois já o fizemos anteriormente, ao interesse maior  em resgatar o comércio e a industria nacional, e em sendo assim; continuamos:

No início do século 20, quando as indústrias têxteis de empresários alemães se estabeleceram em Nova Friburgo,  a atividade econômica do município advinha notadamente da agricultura e subsidiariamente do turismo. Maximilian Falck juntamente com Willian Peacock Denis dão início a fabricação de passamanarias em um galpão no sítio Ypu de propriedade do primeiro, às margens do rio Santo Antônio. Sob a razão social de Maximilian Falck & Cia, em meados de 1912 começa-se uma modesta produção com alguns poucos funcionários como Paul Max Kunzel, Johannes Friedrich Schmidt, José Gonçalves, Amélia de Carvalho, Adolfo Iaggi, Ezídio Ferreira da Silva Assis, Caetano Alves da Cruz, Alfredo Barro Beauclair, Júlio Piram e Alice Rodrigues dos Santos. Foram importados da Alemanha quatorze teares e a matéria-prima vinha do exterior.

Além da dificuldade na importação de matéria-prima havia o problema da falta de mão-de-obra especializada na pacata vila serrana para operar o maquinário importado. Em razão disso, gradativamente técnicos alemães vão sendo contratados para trabalhar na indústria. Maximilian Falck chegou até mesmo a cooptar alemães da Marinha Mercante detidos no Sanatório Naval como prisioneiros, em razão da Primeira Guerra Mundial. Esta guerra possivelmente beneficiou Falck, pois houve dificuldade na importação de produtos da Europa, ocupando a sua empresa mais espaço no mercado nacional. Transcorridos cinco anos desde a sua fundação, a fábrica Ypu, como ficou conhecida, já tinha 155 operários treinados por técnicos vindos da Alemanha. Nesta ocasião, retirou-se da sociedade Willian Peacock Denis e dois anos depois são admitidos como sócios Julius Arp, proprietário da fábrica Rendas Arp e João Haasis. Este último falece no ano seguinte à sua admissão. A fábrica amplia sua linha produzindo sianinha, guipir, bordado inglês, bico de renda, cordão etc. Consequentemente expande suas instalações com setores de tecelagem, trançadeira, tinturaria e engomação. Como os suspensórios estavam na moda entre os homens, e a empresa era grande produtora, chegou a ser conhecida como “fábrica de suspensórios”. Em 1924, passa a ser uma sociedade por quotas de responsabilidade limitada, tendo sido admitidos os sócios Hermann Ostman como gerente geral, Antônio Edmundo Pockstaller como gerente comercial e Emil Cleff, responsável pela produção. A introdução destes novos sócios foi fundamental pois a fábrica Ypu quase falira nos anos anteriores.Emil Cleff racionalizou a produção da fábrica e melhorou a qualidade dos produtos. Já Pockstaller incrementou as vendas introduzindo a marca Ypu em todo o território nacional e reestruturou o escritório da empresa no Rio de Janeiro. Com o desenvolvimento da fábrica aumentou-se o capital sendo admitidos novos sócios como Max Falck Junior, Max Georges Cleff, filho de Emil Cleff, entre outros membros da família. Com esta alteração retiram-se da sociedade Julius Arp e Hermann Ostman. Max Georges Cleff passa a ocupar o cargo de diretor possivelmente por influência de seu pai, responsável pelo setor de produção da fábrica. Maximilian Falck faleceu em 1944, deixando três herdeiros, Maximilian Falck Junior, Edith e Cecília Falck. Cada um herdou 30% da empresa e os 10% restantes ficaram divididos entre os Cleff e um outro sócio. Na realidade, quem administrava a fábrica eram os Cleff, já que os Falck seguiam o conselho do patriarca Maximilian Falck, de deixar a administração da empresa com os primeiros. Maximilian Falck Junior falece em um acidente de avião e Edmundo Pockstaller, marido de Edith, não interfere na administração de Emil e Max Cleff e Oscar Schultz, genro do primeiro. Depreende-se que esta tríade foi responsável pelo grande crescimento da Ypu, tornando-a uma portentosa indústria. Charles Émile Cleff, conhecido no Brasil como Emil Cleff, nasceu em 07 de abril de 1869, em Wuppertal-Barmen, na Alemanha. Filho de tradicional família de industriais no ramo têxtil veio ao Brasil pela primeira vez em 1893, para reorganizar uma fábrica de tecidos na Bahia. Retorna à Europa após esta consultoria, na cidade de Flinez-lez-Montagne, na França, fundou a sua própria fábrica no ramo de passamanaria sob a razão social de Cleff & Cie. Foi nesta atividade que Cleff mostrou o seu gênio criador e artístico na fabricação de complexos e belíssimos galões e fitas decorativas, com os mais variados desenhos e harmonia de cores. Paulatinamente a Cleff & Cie foi dominando a maior parte do mercado europeu, sendo Cleff denominado à época de “o rei dos galões”. Como apresentava sempre novos e originais desenhos não acompanhava a moda, mas sim, criava tendências. No entanto, a sua indústria foi bombardeada na Primeira Guerra Mundial com perda total de seu patrimônio. Como prestara consultoria no Brasil, vislumbrou neste país a oportunidade para reerguer-se financeiramente. Um bairro surge ao redor da fábrica, o bairro Ypu, e tudo gira em torno dela que passa a ser não apenas um local de trabalho, mas igualmente um espaço de sociabilidade.  Na década de 1940 foram construídas algumas residências para os operários ao redor da fábrica formando uma Vila Operária, uma prática comum entre as indústrias locais. Lembrando que não havia o serviço de transporte público de ônibus entre os bairros até meados do século vinte. Os operários se deslocavam por meio de bicicletas ou a pé para o trabalho. Em 1944 foi inaugurada a Recreativa Ypu para atividades sociais e esportivas dos funcionários. Era um tempo em que a fábrica era a extensão dos lares dos operários, em que tinham ciúmes de suas máquinas e o apito da fábrica regia as atividades do bairro. Cada indústria tinha o seu time de futebol e de atletas. A formação destas equipes deu origem aos jogos olímpicos, conhecido como Jogos dos Industriários, que reunia todas as indústrias sendo um dos eventos mais importantes da cidade. Além da prática esportiva, os funcionários da Ypu tinham benefícios como assistência médica e dentária. Havia também em suas instalações um salão social com palco para teatro e projeções cinematográficas. Um restaurante com capacidade para oferecer mais de mil refeições diárias foi construído na década de setenta, em que já contava com aproximadamente 1.200 funcionários.

                                                   Emil Clief à esquerda 



                                         Oscar Schults - Executivo da empresa

A fábrica Ypu foi crescendo e se adaptando ao mercado. Conhecida como a “fábrica de suspensórios”, como esse acessório masculino caiu em desuso passaram a fabricar cinto de couro masculino para substituir este produto. Instalaram um curtume para curtir o próprio couro e passaram a produzir uma linha de cintos com o nome de “Friburgo”, e a seguir carteiras de bolso. No balanço do ano de 1958, a fábrica contava com 1.026 operários e cerca de 90% da matéria-prima, antes importada era nacional. Na década de setenta a empresa investe em equipamentos novos de bordados com máquinas importadas da Alemanha. A empresa foi ampliando cada vez mais as suas instalações sendo autossuficiente em tudo, produzindo inclusive a embalagem de seus produtos no setor de cartonagem. Dispunha de oficina mecânica, carpintaria e chegou ao ponto de fabricar algumas máquinas da produção que antes eram importadas. Seu parque industrial tinha 44.000 mil metros quadrados de construção. Suas instalações tomam proporções tão imensas que atraía a atenção de quem chegava a Nova Friburgo. Estes fatores obrigaram a M. Falck e Cia a mudar sua razão social para S/A passando a chamar-se Fábrica Ypu, Artefatos de Tecidos, Couro e Metal S/A com capital de Cr$2.400.000, em 21 de fevereiro de 1938, dobrando em seguida para Cr$ 4.800.000,00.






Outra firma na época era a empresa Nacional Curtume Ltda. A tradição com curo surgiu na década de 1940, quando Eduardo Weidilich chegou de Santa Catarina na cidade de Nova Friburgo-RJ, se primeiro emprego foi na empresa Nacional de Curtume ( ENCOL), quando posteriormente se tornou proprietário.


Desta forma revitalizamos a memória de empresas tradicionais e que ao longo do tempo se expandiram e ao mesmo tempo nos proporcionaram a postagem de hoje à todos filatelistas que nos acompanham.


Texto Original (crédito)  : Professora e Historiadora Janaina Botelho

Selos da Coleção / Collection stamps 

In this post we tell you about Ypu factory through the stamps our collection.









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2 comentários:

  1. Fenomenal Mestre. Esse resgate da história da indústria Nacional e sua relação com a Filatelia Fiscal através dos carimbos. Grato por compartilhar.

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  2. Obrigado amigo, registros de um tempo e que enugrandece a filatelia fiscal, abraço

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